Com o objetivo de discutir a capacitação e a saúde do trabalhador, aconteceu, em Araruama, o Encontro Regional em Saúde do Trabalhador, evento organizado pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador da Baixada Litorânea (Cerest) com apoio da Secretaria de Saúde do município. O encontro aconteceu ontem, no Teatro Municipal, e contou com a presença do secretário municipal de Governo, Marcelo Amaral, que representou o prefeito André Mônica, além de outras autoridades, como o secretário de Saúde, Fernando Daniel da Silva Lima, a vereadora Rosana Gardeazabal, entre outros.
Durante a abertura, o secretário Marcelo Amaral saudou os participantes, e destacou a importância do evento, que reuniu representantes de nove cidades da região (Araruama, Búzios, Arraial do Cabo, Casimiro de Abreu, Cabo Frio, Iguaba Grande, Rio das Ostras, Saquarema e São Pedro da Aldeia). O secretário Fernando Daniel da Silva Lima aproveitou para enfatizar, junto com a vereadora Rosana, que preside a comissão de Assuntos Sociais, de Saúde e Assistência Social da Câmara Municipal de Araruama, a importância da prevenção, e lembrou da importância dos exames periódicos nos trabalhadores.
A mesa de abertura foi composta pelo coordenador do Programa de Saúde do Trabalhador de Araruama, Charles Silva Barbosa; pela coordenadora do Cerest Baixada Litorânea, Fernanda Gonçalves; pela coordenadora do Departamento de Saúde Coletiva de Araruama, Ilma Terezinha Palmeira Teixeira; pelo representante da OAB de Cabo Frio, José Antunes Gonçalves, além dos palestrantes. A programação foi aberta com apresentação do grupo de teatro “Inova Bossa”, que apresentou uma esquete lembrando o filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin.
Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Moacélio Silva Filho lembrou que os acidentes na atividade pesqueira raramente são notificados, e que costuma ser grande o número de doentes em colônia de pescadores. Ele também defendeu que os pescadores sejam treinados para atuar como agentes ambientais, já que teriam habilidade para coletar água em pontos mais distantes, auxiliando a Fiocruz na realização de exames, proporcionando, assim, maior controle da qualidade da água consumida pela população.
Outro tema abordado do encontro foi a depressão. Dados da Organização Mundial de Saúde apontam a depressão como a terceira maior causa de afastamento dos trabalhadores dos seus empregos. E, com base nesta informação, o coordenador do curso de psicologia da Universidade Veiga de Almeida de Cabo Frio, José Daniel Mendes Barcelos, lembrou que as fortes pressões e a insatisfação por desempenhar funções não desejadas, tem aumentado o número de casos da doença entre os trabalhadores.
O coordenador estadual de Saúde do Trabalhador, Cyro Haddad Novélio, enfatizou, em sua palestra, os riscos do amianto para a saúde. Segundo ele, mais de 50 mil trabalhadores do setor industrial (além de seus familiares) precisam ser monitorados para avaliação da contaminação por amianto. Ele também criticou as empresas desenvolvem os produtos com para circulação no mercado interno, e sem amianto para o mercado externo. “Em quase todo o mundo o amianto é uma substância proibida. Só no Brasil, e em alguns países da América Latina e da África, é que o uso continua liberado”, criticou.
Encerrando a programação, a especialista em acidentes do trabalho, Mônica Toscano de Brito, respondeu a diversos questionamentos do público, e afirmou que “acidentes ocorridos durante o horário de almoço, ou mesmo nos trajetos de ida ou de volta do trabalho para casa, podem ser considerados acidentes de trabalho”. Ela também afirmou que problemas de hipertensão, seguido de morte, em pessoas com a saúde controlada, pode ser considerado acidente de trabalho se o problema for causado pelo excesso de pressão do trabalho.
Na palestra Mônica apresentou um histórico da área de saúde do trabalho, as leis que a amparam, também abordou as CIPAs (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes) e os equipamentos de proteção individual que devem ser usados pelos trabalhadores. Destacou, ainda, a necessidade dos exames de saúde periódicos dos empregados, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e os cuidados especiais que devem adotar os trabalhadores da área de saúde. Por fim, apresentou os números oficiais de notificações de acidentes de trabalho, observando que a realidade deve ser muito mais preocupante do que os dados registrados, e reafirmou a necessidade de uma campanha que incentive o aumento do número de notificações de acidentes de trabalho.
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